terça-feira, 3 de maio de 2011

Bin Laden perdeu. E ninguém ganhou.

 


Deixe-me ver se entendi bem.
O mundo festeja a morte de um bárbaro terrorista assassino que foi assassinado no Paquistão por uma tropa militar de elite das forças especiais dos Estados Unidos.
Escondido em uma mansão onde não havia telefone nem internet, o cérebro do atentado do 11 de setembro, onde morreram 2.700 pessoas, já não comandava mais sua organização.
Valia-se de um emissário para transmitir recados. A identidade do emissário foi descoberta mediante a tortura de um dos presos mantidos na base militar americana de Guantánamo, em Cuba.
E foi o monitoramento do emissário que permitiu a localização do esconderijo de Bin Laden.
A tropa que invadiu o esconderijo recebeu a ordem de matá-lo. E de em seguida jogar seu corpo no mar.
O governo paquistanês não foi consultado sobre a invasão do seu território por tropa de outro país. Só depois ficou sabendo.
Em resumo: celebra-se a tortura (crime), o assassinato de um terrorista inativo (crime) e a operação militar bem-sucedida que implicou na violação da soberania de um país (crime também).
É o mesmo que afirmar: em certos casos (e não serão poucos), a tortura se justifica. O assassinato se justifica. A invasão pontual de outro país se justifica.
Repelimos a violência quando ela nos atinge. Aceitamos a violência contra quem detestamos.
Dancemos nas ruas!
Às favas os escrúpulos, os fundamentos do modelo ocidental de democracia e os valores básicos e consensuais de todas as religiões.
Um ex-operador da CIA, a agência americana de espionagem, disse hoje no The New York Times que a manifestação de júbilo dos seus concidadãos com a morte de Bin Laden avaliza os métodos usados pela CIA em defesa dos interesses do país.
Um general brasileiro aposentado, que na época da ditadura de 64 tolerou ou estimulou a tortura e a morte de opositores do regime, seria capaz de dizer algo parecido.
O mundo não se tornará menos ou mais seguro com a morte de Bin Laden. A essa altura, a importância dele era apenas simbólica.
Com a sua morte não se fez justiça como proclamou o presidente Barack Obama.
(Na aparência, pelo menos, George Bush Jr. fez ao capturar, julgar e enforcar o ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein.)
Em sociedades ditas civilizadas, justiça se faz de outra maneira.
Consagra-se a doutrina israelense que justifica o assassinato seletivo de inimigos do Estado.
Foi um ato de vingança. Que Bin Laden fez por merecer.
Mas nós não marecíamos que por causa dele fossem rasgados os tratados internacionais que tipificam como crimes a tortura, o assassinato e a violação de territórios por tropas estrangeiras.
Bin Laden perdeu. E ninguém ganhou.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Aécio Neves é parado na Lei Seca com carteira de motorista vencida



O senador Aécio Neves (PSDB) foi parado numa bliz da Lei Seca na esquina das ruas Bartolomeu Mitre e General San Martin, no Leblon(onde tem boates, restaurantes e bares famosos da cidade), por volta das 3h deste domingo. Segundo o major Marco Andrade, coordenador da Lei Seca, Aécio estava com a carteira nacional de habilitação (CNH) vencida e teve que chamar um amigo para dirigir sua Land Rover. O senador teve o documento apreendido e foi multado em R$ 957,70...Se o Aécio fosse do PT  toda a impresa estaria dizendo que  carteira de motorista  foi apreendida por embriaguês mas como é do PSDB foi por "estar vencida"


Um senador da republica, dando exemplo aos cidadãos brasileiros, ao se recusar a fazer o teste da bebedeira, ao ser parado em uma blitz.
Ele quer presidir o país assim?Bebado? Em baladas?.O senador tucano não quis fazer o teste do bafômetro. Ele voltava para sua residência no Jardim de Alah (zona sul) do Rio) O interessante é que ele é senador de Minas Gerais e estava indo para sua residência  no Leblon....Ele só vai a Minas para buscar voto!. Um tucano malvado me disse uma vez que Aécio não precisaria de Serra pra abortar sua candidatura presidencial: ele próprio faria isso.

Por se recusar a fazer o teste do bafômetro, o Detran do Rio de Janeiro abrirá um processo administrativo contra Aécio, que poderá acarretar na suspensão do direito de dirigir por 12 meses.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Partido do povo" de Kassab é fundado por milionários


Anunciado como um partido que "nasce do povo", o PSD (Partido Social Democrático) é composto, basicamente, por fundadores milionários, cujos patrimônios somados ultrapassam R$ 109 milhões.A informação foi publicad0 hoje no Estado de São Paulo

A grande maioria dos parlamentares, governadores e vice-governadores que pretendem ingressar na sigla a ser criada pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, possui bens acima de R$ 1 milhão, de acordo com levantamento feito pelo Estado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Hoje, na Câmara dos Deputados, haverá uma cerimônia para a assinatura da ata de fundação do PSD. A expectativa é que 30 políticos assinem o documento.

O levantamento do Estado levou em consideração os 19 parlamentares e integrantes do Executivo que participaram do ato de fundação do PSD, no dia 21 de março, em São Paulo, ou que manifestaram publicamente interesse de entrar na legenda.

Do total, apenas cinco não têm patrimônio declarado que atinge o milhão. O restante do grupo é, na maioria, composto por empresários, proprietários rurais, advogados e médicos, que possuem bens divididos em aplicações, participações em empresas, veículos e imóveis.

Em média, cada fundador do PSD tem patrimônio declarado de R$ 5,7 milhões. Acima, portanto, da média de R$ 2,9 milhões por parlamentar empossado neste ano, segundo levantamento do site Congresso em Foco.

Povo. "É um partido que nasce do povo, com o povo e para o povo brasileiro", chegou a afirmar Kassab no lançamento do PSD. Ele não definiu em que campo político estará a sigla, mas destacou o "foco social" do projeto. Já a senadora Kátia Abreu (TO), que também ingressará na nova sigla, classificou o PSD como uma legenda da "classe média".

Liderando a lista dos fundadores com maior patrimônio está o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, que pretende sair do DEM. Afif tem patrimônio declarado de R$ 49 milhões. Depois dele, um dos principais articuladores da nova legenda na Bahia, o deputado Paulo Magalhães, com patrimônio declarado de R$ 14 milhões, entre os quais 12 fazendas e uma uma aeronave de R$ 40 mil.

Sétimo parlamentar mais rico do Estado de São Paulo, com R$ 7,6 milhões declarados, o deputado Eleuses Paiva (DEM) foi um dos primeiros a anunciar a entrada no PSD. Tem uma fortuna em propriedades rurais: cinco fazendas, duas delas com valor declarado superior a R$ 1 milhão, além de sete veículos, a maioria de luxo, como uma Mercedes Benz avaliada em R$ 215 mil.

Para o cientista político Rubens Figueiredo, do Cepac (Centro de Pesquisas e Analises de Comunicação), o PSD é um partido de ideário tipicamente liberal, apesar de haver certa resistência por parte de alguns integrantes de usar esse rótulo na legenda.

De acordo com Figueiredo, isso ocorre porque o termo "liberal" é visto com desconfiança no País: "O Estado brasileiro tem uma presença muito forte na vida das pessoas. Temos uma cultura que festeja tudo aquilo que é socialista, com muitas leis".

Segundo o cientista político, o fenômeno explica a extinção de partidos que se declararam liberais, como o Partido Liberal (PL), que virou PR, e o Partido da Frente Liberal (PFL), que se tornou o DEM. "É uma vertente que, pelo menos no nome, foi se perdendo ao longo do tempo."

Sem milhão. Mas nem todos os fundadores do PSD possuem mais de R$ 1 milhão. Presidente da CNA e considerada uma das principais porta-vozes dos ruralistas, Kátia Abreu declarou, em 2006, quando disputou a eleição para o Senado, patrimônio de R$ 437 mil. Entre os imóveis declarados por ela, estão uma chácara de 10 alqueires, dois lotes de terra, no valor de R$ 27,7 mil, e uma área em Tocantins avaliada em R$187 mil. A senadora também declarou caminhonete Ford, de 1978, no valor de R$ 7 mil.

Mas quem tem o menor patrimônio entre os novos quadros do PSD é o deputado Marcelo Aguiar (SP), que declarou R$ 1 mil em quotas empresariais. De acordo com dados da ONG Transparência Brasil, o valor é inferior ao depositado por ele em sua própria campanha de 2010, que totalizou R$ 4,5 mil.

terça-feira, 12 de abril de 2011

FHC quer botar ordem no ninho: tucanos devem se afastar de pobres e do povão

 


Reunião das "bases" tucanas em restaurante de luxo de São Paulo.

O ex-presidente demo-tucano está preocupado com o "cair em tentação" de segmentos do PSDB em direção aos mais pobres, e como um guardião dos desvios ideológicos do partido, quer reconduzi-lo ao caminho das "zelites".

É o que conta a Folha tucana em retumbante manchete de primeira página, como se fosse a luz para a redenção tucana:

No texto da Folha on-line:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende em artigo que será publicado nesta semana uma revisão profunda da estratégia adotada pelo PSDB e pelos demais partidos de oposição para voltar ao poder.
Numa espécie de manifesto, ele afirma que a oposição deveria desistir de conquistar as camadas mais pobres do eleitorado e se conectar com a nova classe média produzida pelo crescimento econômico dos últimos anos.
"Enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os "movimentos sociais" ou o "povão", falarão sozinhos", diz o ex-presidente.
Ele observa que a classe média não participa da vida política do país como no passado, mas está presente em lugares onde os partidos praticamente não existem, como as redes sociais da internet.
"Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas", diz.

No texto, o demo-tucano mostra que não aprendeu nada e não conhece o Brasil profundo. A única coisa que ele tem razão é quanto aos partidos e políticos explorarem mais as redes sociais da internet. Só que as coisas não são como ele pensa. FHC deve ter se impressionado com a campanha de baixaria na internet de José Serra nas últimas eleições. Só funcionou no começo, até ser desmascarada, e não funcionará porque a mentira tem pernas curtas, a menos que os partidos governistas se acomodem e apanhem calados, sem travar o debate.

Demo-tucanos perdem com a internet porque são desmascarados

Outros partidos podem se beneficiar da internet, mas os tucanos não: eles tem um encontro marcado com a verdade abafada ao longo dos anos pelo PIG (imprensa golpista), e o novo internauta da nova classe média (o "despolitizado", segundo FHC), ficará muito irritado ao saber as verdades históricas de como foi vendilhão da pátria, como fez o povo brasileiro sofrer, como foi um ninho de corrupção e incompetência, tanto o governo FHC, como os governos estaduais demo-tucanos.

Quando o PFL mudou de nome para DEMos, também tentou usar a internet como sugere FHC. Não conseguiu enganar ninguém.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Não houve déficit zero. Situação fiscal hoje é mais ou menos a mesma do governo Rigotto"

Nos últimos quatro anos, a população do Rio Grande do Sul foi bombardeada dia e noite com a propaganda de uma suposta receita mágica para as finanças do Estado: o déficit zero. Principal (e praticamente único) programa do governo do PSDB no Estado, o déficit zero foi cantado em prosa e verso como o caminho para a recuperação financeira estrutural do RS. Em artigo publicado aqui no RS Urgente, Paulo Muzell resumiu assim o legado do déficit zero: o governo Yeda fechou 2010 com um déficit de 150 milhões de reais. Os 3,6 bilhões em caixa anunciados pela ex-governadora não existem. Pelo contrário, ela deixou o governo com um saldo devedor do Tesouro Estadual no Caixa Único de 4,6 bilhões de reais. Também deixou restos a pagar de um 1,1 bilhão de reais. Além disso, registrou a menor taxa de investimento das últimas décadas.
“Não houve déficit zero nem em termos nominais nem em termos estruturais. O governo anterior deixou de fazer alguns gastos e cortou investimentos. A situação fiscal do Rio Grande do Sul hoje é mais ou menos a mesma do governo Rigotto.” A avaliação foi feita pelo governador Tarso Genro (PT), durante entrevista coletiva concedida a blogs do Estado na manhã desta terça-feira, no Palácio Piratini. A situação financeira do Estado foi um dos temas tratados na coletiva. Na avaliação do governador, há uma situação estrutural desarranjada que não será resolvida com medidas supostamente bombásticas, mas sim com um conjunto articulado de políticas de curto, médio e longo prazo. “Não adianta nada anunciar medidas anti-crise espetaculares que só rendem manchetes espetaculares. Já vimos desde o PDV (Programa de Demissão Voluntária) do governo de Antonio Britto que isso não resolve nada”, disse Tarso.
“Nunca achamos, por outro lado, que o Estado estava saneado e tampouco pensamos que a situação é ingovernável”, acrescentou. Qual é, então, a saída para enfrentar esse quadro e recuperar a capacidade de financiamento do Estado? Em sua resposta, Tarso Genro destacou as propostas apresentadas pelo governo gaúcho ao banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Nós apresentamos uma proposta atípica que chegou a causar um certo impasse no BNDES. Trata-se de uma proposta para dar sustentabilidade a obras e investimentos regionais”, resumiu. O Rio Grande do Sul pediu empréstimos de R$ 1,3 bilhão ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de 480 milhões ao Banco Mundial. Esses recursos devem ser aplicados em obras de infraestrutura (especialmente no setor de transportes) e em programas sociais.
Questionado sobre as obras da Copa do Mundo de 2014 na capital e seus possíveis impactos sociais e urbanísticos, Tarso colocou seu gabinete à disposição dos movimentos sociais e comunitários que vêm se organizado para defender os direitos dos moradores afetados pela mesma. “Essas obras devem trazer um aporte positivo para a cidade e não prejudicar seus moradores”, assinalou.
Recuperação da infraestrutura e controle social
A viabilização dos recursos do BNDES será vital para o cumprimento de um dos principais objetivos do governo estadual: a recuperação da infraestrutura do Estado. “O que houve nos últimos anos”, assinalou Tarso Genro, “foi um deslocamento de funções públicas estratégicas para o setor privado, processo que teve efeitos no médio e longo prazo”. “Hoje há um consenso na sociedade de que o Estado precisa recompor essas estruturas. Mas não queremos uma volta ao Estado anterior e sim a um Estado com controle público e social. Já fizemos essa experiência quando estivemos na prefeitura de Porto Alegre e ela é um grande antídoto à burocracia”.
O governador citou o caso do DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem), envolvido recentemente em denúncias de corrupção. “As estruturas do DAER são naturalmente procuradas por escritórios e empreiteiras. Isso é normal. O que precisamos ter é mecanismos de controle e transparência sobre essas relações. O problema não está só do lado do servidor público, como querem alguns. Há corruptos e corruptores e essa ligação só pode ser rompida com controle social”.
Na coletiva, Tarso Genro também falou sobre a criação do Conselho Estadual de Comunicação e sobre a situação fundiária do Estado. Quanto ao primeiro, informou que o assunto está sendo debatido em uma câmara temática do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. “Até o fim do ano deveremos ter uma proposta formal para o Conselho de Comunicação”, anunciou. Sobre a questão fundiária, Tarso disse que pretende zerar os conflitos de terra no Rio Grande do Sul. “Com a ajuda do governo federal, poderemos resolver a questão agrária no Estado. Já estamos conversando com o MST sobre isso. Só gostaria de lembrar que a Constituição brasileira é hostil à Reforma Agrária. Nosso sistema permite que o domínio da terra desapropriada permaneça com o proprietário da terra até o fim de todos os processos na Justiça. Essa área que o MST ocupou agora em São Borja, por exemplo, está desapropriada desde o governo Olívio Dutra”.
Cerca de 35 blogueiros e blogueiras participaram da segunda entrevista coletiva concedida por Tarso Genro (a primeira ocorreu no final de 2010).
Foto: Caco Argemi (Palácio Piratini)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

3,5 Milhões de pessoas têm acesso a remédios para diabetes e pressão alta

Quase 3,5 milhões de pessoas usam remédios para diabetes e pressão alta fornecidos de forma gratuita pela rede. De acordo com balanço divulgado hoje (4) pelo governo, primeiros 45 dias após o anúncio do acesso gratuito desses medicamentos no programa Aqui Tem Farmácia Popular, o número representa quase o dobro do que era consumido quando os mesmos remédios eram disponibilizados a preços populares.
Para a presidenta Dilma Rousseff, o aumento na distribuição dos medicamentos indica que a campanha sobre a importância do tratamento está no caminho certo. “Mais pessoas estão tendo acesso aos remédios e é exatamente esse o nosso objetivo. Queremos que todos os diabéticos e hipertensos possam fazer o tratamento direito, sem interrupção, disse.
Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela lembrou que, para fazer a retirada dos remédios, é preciso apresentar a receita médica, um documento com foto e o CPF. Ao todo, 15.097 farmácias credenciadas e 548 unidades do governo fazem a distribuição.
Segundo Dilma, médicos se referem ao diabetes e à pressão alta como doenças silenciosas, uma vez que o paciente nem sempre sente que está doente e, portanto, não toma os devidos cuidados. “O problema é que essas doenças, se não forem tratadas, levam a complicações muito graves, que podem até matar. Daí a importância da prevenção, com uma vida saudável, uma alimentação saudável e exercícios físicos, desde que o médico controle e receite. E, além disso, o tratamento com os medicamentos corretos.”

Fonte Agência Brasil

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mesmo depois da Lei da Ficha Limpa, Congresso continua resistente à sociedade

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), coordenador da comissão que pretende encontrar mecanismos para facilitar a participação da sociedade no Congresso, reconhece que o Parlamento é extremamente conservador. Segundo ele, a própria Câmara tem condições de intermediar essa participação através do portal na internet.
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) voltou à cena e junto com a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político lançou na última terça-feira, em Brasília, o projeto de lei de iniciativa popular sobre a reforma política. O MCCE é o mesmo que encabeçou a luta pela aprovação da Lei da Ficha Limpa, aprovada ano passado. Mas, apesar das conquistas, os obstáculos para a participação da sociedade no processo legislativo continuam os mesmos.

Para que uma proposta de iniciativa popular seja apresentada ao Congresso Nacional é preciso ter a assinatura de pelo menos 1% do número total de eleitores, o que equivale a mais de 1,3 milhão de pessoas. Apesar do sentimento de que tudo é possível com a mobilização, as próprias organizações reconhecem que deputados e senadores relutam para manter as barreiras que separam a sociedade do Congresso. O objetivo, afirmam, é claro: a manutenção do poder.

A aprovação da Lei da Ficha Limpa pelo Congresso Nacional foi uma prova do que a população é capaz de fazer quando se mobiliza. Essa, no entanto, foi apenas a terceira proposta aprovada pelos parlamentares que tiveram como autores a sociedade. Na Câmara, um grupo de trabalho foi formado para estudar mecanismos que possam facilitar a apresentação desse tipo proposta.
Movimentos prometem pressionar o Congresso
O juiz Márlon Reis, presidente do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), avalia que, apesar de a própria Constituição “expressar claramente” o direito dos cidadãos em participarem ativamente dos processos legislativos, “não existe um meio célere e confiável” para coleta e conferência de assinaturas, o que dificulta de fato a participação popular.
Reis defende, como uma das soluções para tornar o Legislativo mais acessível à população, a criação de um site oficial do governo que possa colher e conferir as assinaturas dos projetos apresentados.
– O Estado nega o cumprimento de uma norma constitucional. Qualquer tipo de participação é barrado, mas nós acreditamos que vai melhorar à medida que mais iniciativas forem tomadas. Não dá para calar. Eles (parlamentares) têm que aprender a conviver com isso – cobra o juiz.
Reis lembra que para garantir a aprovação da Ficha Limpa, por exemplo, o movimento contou com o apoio de 30 deputados que subscreveram o projeto para evitar que os mais de 1 milhão de assinaturas pudessem ter sua validade contestada. E revela que escutou de muitos parlamentares que “seria mais fácil um boi voar do que aprovar a proposta”.
De acordo com o juiz, o regimento interno da Câmara permite que um representante da parcela da sociedade que conseguiu apresentar um projeto de lei tenha direito a voz durante as discussões da proposta – inclusive no plenário. O direito, no entanto, foi negado durante a tramitação da Ficha Limpa. Mas, na reforma política, Reis garante que será diferente e que os movimentos sociais pretendem se engajar para ter direito a voz nas discussões.
Esquecimento
Para Eliana Graça, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), “os parlamentares esquecem que o poder emana do povo, podendo ser exercido por seus representantes ou diretamente”. O que significa dizer que a população também tem o direito de legislar.
– Com exceção da Ficha Limpa, que foi aprovada num momento excepcional, onde havia todo um ambiente favorável criado pela mídia, as outras propostas de iniciativa popular levaram anos para serem aprovadas – critica ao defender o uso da internet para facilitar esse acesso.
Pensamento conservador atrapalha os planos
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), coordenador da comissão que pretende encontrar mecanismos para facilitar a participação da sociedade no Congresso, reconhece que o Parlamento é extremamente conservador. Segundo ele, a própria Câmara tem condições de intermediar essa participação através do portal na internet. E o deputado defende que a população possa participar até da fixação da pauta de votação do plenário.
– Há um pensamento conservador, utilizado por quem é contrário a maior transparência do Congresso, de que a sociedade deve ficar de fora das decisões da Casa, já que o papel dela se reduziria a eleger seu representante. Temos de trabalhar para acabar com essa lógica – propõe.
A comissão realizou sua primeira reunião na última semana. A expectativa é que o trabalho resulte na regulamentação da chamada “iniciativa popular digital”.
Cientista político da UFRJ, Charles Pessanha defende a redução do número mínimo de assinaturas para que um projeto seja apresentado. Mas acredita que, a exemplo de países europeus, o Brasil deveria realizar mais plebiscitos para questões importantes, a começar pela reforma política.
– A luta entre a representação e a participação tem mais de 200 anos – analisa. _ Os parlamentares não querem porque vão perder poder, tanto que o próprio constituinte impôs essa dificuldade na Constituição.
Possíveis mudanças
Proposta de emenda à Constituição do senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) – um dos coordenadores da Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular, que trabalha paralelamente à comissão instituída pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AM) – pretende diminuir o percentual de 1% do total de eleitores no país para 0,5% para que uma proposta da sociedade seja apresentada.
Hoje, os eleitores precisam estar distribuídos em cinco estados brasileiros, com a participação de 0,3% em cada estado. Com a mudança, os eleitores precisariam ser de nove estados brasileiros, mas com apenas 0,1% dos eleitores de cada um desses estados.
De acordo com o senador, o sistema vigente implica uma grande contradição:
– Para se formar um partido hoje é preciso ter 0,5% do total de votos válidos na última eleição para deputado federal, o que dá em torno de 400 mil assinaturas – esclarece. – Ou seja, é mais fácil criar um partido do que apresentar uma proposta de iniciativa popular.
Pelo projeto, também seria permitida a apresentação de propostas de emenda à Constituição – atualmente apenas projetos de lei podem ser de iniciativa popular – e teriam tramitação em caráter de urgência.
Fonte: Jornal do Brasil